BARDUS

Bardus

Por:
Jorge Henriques
 
 
   

O gosto conjunto do António Nunes e do Jorge Henriques pela poesia estão na génese deste grupo. A sua apresentação pública acontece em 18 de Maio de 2015, nas comemorações do dia Internacional dos Museus pelo Museu Terras de Besteiros em Tondela, percorrendo a poesia do Poeta Tomaz Ribeiro e em particular a sua obra D. Jaime. Nesse mesmo ano apresentou-se encerrando os Jogos Florais de Tondela e esteve ainda presente na Serenata a Maria ocorrida em sete de Dezembro. De então para cá têm-se sucedido as apresentações sobretudo em momentos de encerramento de conferências, seminários ou comunicações. Destacam-se as apresentações no âmbito da cerimónia evocativa dos 500 anos do Foral de Besteiros, no âmbito do Seminário sobre o Voluntariado, na mostra social do concelho, nas cerimónias evocativas de elevação de Tondela a cidade, em 2016, e no âmbito da assinatura dos protocolos do projecto de combate ao sedentarismo, sempre a convite dos serviços da Câmara Municipal de Tondela. Destas apresentações merece destaque a adaptação feita do texto de Antoine de Saint-Exupéry o "Princepezinho", de que deixamos um excerto:

- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda.
Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa.
Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo.
Ela é agora única no mundo.
E as rosas estavam desapontadas.
- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus soba redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.
E voltou, então, à raposa:
— Adeus, disse ele...
— Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
 
Já este ano, no dia 6 de Abril, e por convite do Grupo de Voluntariado de Tondela do Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro, o grupo esteve no encerramento da Acção de Sensibilização sobre o Código Europeu Contra o Cancro, onde apresentou um texto de Lobo Antunes, sobre essa problemática, de que deixamos um excerto:
Ali, na sala de quimioterapia, jamais escutei um gemido, jamais vi uma lágrima. Somente feições sérias, de uma seriedade que não topei em mais parte alguma, rostos com o mundo inteiro em cada prega, traços esculpidos a fogo na pele. Numa das últimas vezes que lá fui encontrei um homem que conheço há muitos anos. Estava tão magro que demorei a perceber quem era. Disse-me:
-Abrace-me porque é o último abraço que me dá,
-Tenho muita pena de não acabar a tese de doutoramento e, ao afastarmo-nos, sorriu. Nunca vi um sorriso com tanta dor entre parêntesis, nunca imaginei que fosse tão bonito...
Ao longo destes três anos têm colaborado como grupo nas suas apresentações o José Alberto e o Rui Pedro no Acordeão, a Rita Henriques no Violoncelo, a Dolores Nunes, a Elisabete Leal e a Iara Ribeiro no violino, o Gustavo Dinis na guitarra, a Paula Henriques, a Rosário Soutinho, o Felisberto Figueiredo, o Virgílio Vale, a Sandra Marques, e o César Fernandes nas vozes.