A Nossa Identidade

 

No dia em que completámos a elaboração e aprovação do Regulamento Interno entregámos uma cópia ao maestro Cristóvão Ramalho, que reagiu assim “Um Coro não funciona por Regulamento mas pela qualidade do maestro.” Ora, a maioria dos coralistas era gente do povo que não sabia ler pautas, pouco ou nada habituada a nomes como Bach, Mozart, Verdi ou Händel e aos poucos, noite a noite, notou-se que algo estava a crescer dentro de nós, algo diferente, algo alto. Quando o tema Canticorum jubilo de Händel ficou com as afinações finais, olhámos uns para os outros surpreendidos com o que estava a acontecer.
Outras peças surgiram como: o Coro dos Ciganos, ou La Zingarella, da ópera O Trovador de Giuseppe Verdi; Va, pensiero, também conhecido como o Coro dos Escravos Hebreus da ópera Nabucco, também de Verdi; Laudate Dominum, Ave verum corpus e Lacrimosa de Amadeus Mozart; o Gloria de Antonio Vivaldi; o Sicut Locutus Est de Sebastian Bach e muitos outros até ao Tollite Hostias de Camille Saint-Saëns que estamos hoje a ensaiar. Não era pouco, tanto mais que alguns destes temas começaram a ser ensaiados com órgão, piano, violino, até chegarmos a tocar com a Filarmónica de Tondela e a Orquestra formada por alunos e professores da Escola de Música. Se no início, nos faltava sonhar maior, já tínhamos percorrido muito caminho. O trabalho desenvolvido pela direcção e pelo maestro Cristóvão Ramalho estava a florir como em Maio e dava frutos.

O Coro Polifónico tinha sido constituído em 04 de Fevereiro de 2002 e teve a primeira actuação pública em Tondela, na Igreja Matriz da cidade, em 01 de Dezembro do mesmo ano. No seu reportório incluíam-se peças não só de cariz clássico, mas também medieval, sagrado e popular portuguesa. No país participou ao longo destes 16 anos em concertos realizados em Coimbra, Pedroso, Alqueidão da Serra, Condeixa, Anadia, Santiago do Cacém, Ferreiras, Corroios, Ceira, Bodiosa, Figueira da Foz, Carregal do Sal, Abraveses, Midões, Almada, Pico, Lisboa, Viseu, Comenda, Gondomar, tendo ficado na memória a deslocação realizada às ilhas do Faial e do Pico, num intercâmbio com o Grupo Coral da Horta.

Internacionalmente participou em concertos em Espanha (Ourense, Villafranca de los Barros, Valência del Ventoso; Barcelona, onde participou no 47º Festival Internacional de Música Coral), e França (Lannemezan). Memoráveis foram as participações em 2009, no 19º Festival Internacional de Música de Advento e de Natal, na República Checa, onde foi obteve a medalha de bronze na categoria de coros mistos e em 2011, em Itália, no 14 º Festival Internacional de Alta Pusteria.


Memoráveis foram as participações em 2009, no 19º Festival Internacional de Música de Advento e de Natal, na República Checa, onde foi obteve a medalha de bronze na categoria de coros mistos e em 2011, em Itália, no 14 º Festival Internacional de Alta Pusteria.
O Coro Polifónico da Casa do Povo de Tondela tem realizado também, anualmente, em Tondela, o seu Concerto do Advento que vem constituindo um momento alto da sua actividade anual.

Maestro
O maestro Cristóvão Ramalho e o organista Mário Cruz

Cristóvão João Marques Ramalho tem sido ao longo dos anos a chave da qualidade do trabalho coral. Ele concluiu os estudos secundários na Escola Secundária Tomás Ribeiro, em Tondela; frequentou e concluiu o Curso Geral de Música no Conservatório de Música de Coimbra, onde foi aluno do pedagogo e compositor Prof. Joel Canhão e onde frequentou as classes de Piano, Canto e Música de Conjunto. Ingressou depois, com o estatuto de trabalhador estudante, na Universidade de Aveiro, no Departamento de Comunicação e Arte. Aí frequentou a Classe de Canto sob a orientação do maestro António Lourenço e da Prof.ª Isabel Alcovia. Frequentou cursos de Direcção Coral com o Maestro José Robert e com o Maestro Edgar Saramago (ambos assistentes do compositor e maestro Lopes Graça) – com quem mantém estreitas relações de trabalho e amizade.
Hoje, lecciona Formação Musical, Iniciação ao Piano, Canto Coral e Técnica Vocal e é professor de Iniciação Musical no Grupo de Escolas de João de Deus, onde trabalha na iniciação musical de crianças de três, quatro e cinco anos, através da utilização da metodologia proposta pelo pedagogo americano Edwin Gordon – que remodelou e adaptou.
É actualmente, director Artístico da Associação Cultural Canto e Encanto de Canas de Senhorim, do Grupo Coral Polifónico da Casa do Povo de Tondela e do Coro Polifónico Municipal de Tábua. Fundou, ainda, o grupo Aspera Natura, com o qual desenvolve trabalho de investigação no campo da música profana medieval e renascentista, e com o qual trabalha em colaboração directa com a Vivarte – Companhia de Teatro ou em projectos autopropostos, para a promoção e divulgação (através da animação de feiras ou outros eventos) do imaginário e estética musical da Idade Média e da Renascença.

Mário Cruz, director pedagógico do Conservatório de Música e Artes do Dão, também maestro da Filarmónica Tondelense, tem-nos dado apoio nos acompanhamentos ao órgão nos mais diversos espectáculos – alguns com a Filarmónica - e locais. Sempre disponível, afável e ótimo profissional.
 
 

A ida a Praga


Nenhum de nós no início imaginava que um dia haveríamos de competir numa das capitais mais bonitas da Europa, a Paris do Oriente, com grupos da Alemanha, Noruega, Estónia, Letónia, Itália, Espanha e de muitos outros países, cujos níveis de afinação estavam mais trabalhados, ficando em terceiro lugar na categoria de coros mistos. Não nos esqueceremos de como o nome Cooral Pooliffónicco da Cassa do Pobo de Todela soou na sala e de como o Dr. Jorge Henriques se levantou para ir receber o prémio. Merecido? Claro que sim.

Para lá do enorme hotel onde ficámos, a cidade das 100 cúpulas tinha para oferecer o Castelo e a Catedral de St. Vitus, a Igreja de São Nicolau, o célebre relógio na praça da Cidade Velha que ganhava vida com a Caminhada dos Apóstolos, a Praça Venceslau onde os tanques da União Soviética tinham originado a Primavera de Praga e onde se encontrava o túmulo de Jan Pallack, a quem o nosso conterrâneo José Valle e Figueiredo dedicou um célebre poema-requiem. Todos atravessámos a ponte Charles sobre o Rio Vltava onde o multiculturalismo europeu e oriental se fazia sentir. O contacto com estes lugares fez-nos crescer.

A apresentação perante o júri do concurso teve lugar numa manhã de sexta-feira, na National House Smichov, onde o Coral actuou magnificamente, sob a direcção artística do seu maestro as peças: Meia-Noite Dada, popular da Madeira; Dorme, Dorme Meu Menino, do cancioneiro entre o Mar e Serra da Alta Estremadura; Natal de Elvas; Jesus Maria José, canto de Natal-Cardigos e Natal de Évora.

Ainda nesse dia, o Coral voltou a apresentar-se na maravilhosa Igreja de São Nicolau. De tarde, o Dr. José António de Jesus, que acompanhou a comitiva em representação do Município, o Presidente da Direcção da Casa do Povo de Tondela e o Maestro do Coro, deslocaram-se à Câmara de Praga para a recepção oficial aos participantes no festival. Pela delegação de Tondela foram entregues lembranças do Município e da Casa do Povo de Tondela, ao que se seguiu o brinde colectivo.

Das dezenas de situações possíveis de descrever, relembramos o jantar oferecido pela Câmara da cidade aos grupos corais num barco turístico, com viagem no rio. A nós calhou-nos jantar com um Coro finlandês. Quando chegámos à embarcação, eles olhavam-nos em silêncio, e ao partilharmos a noite confessaram-nos “Nós invejamos a vossa alegria mediterrânica pois não conseguimos falar tanto, cantar tanto, brindar assim… gostaríamos de o fazer mas não conseguimos”. Eles diziam que era do clima. Por fim, depois do nosso barulhento Ó Rama ó que linda rama, eles levantaram-se todos certinhos em disciplina nórdica e cantaram um hino como se estivessem numa igreja. Inesquecível.

 

Ida a Villafranca De Los Barros


O Coro Polifónico da Casa do Povo de Tondela, deslocou-se a Espanha, mais concretamente à zona da Extremadura espanhola, para participar no XIV Certamen Coral Internacional “TIERRA DE BARROS”. Tratou-se de um concurso, já na sua décima quarta edição, de música coral, em que participaram, além do Coro de Tondela, o Grupo Coral Antares de Cádiz, o Grupo Coral do Clube Galp Energia de Vila Nova de Santo André, a Asociación Coral e Torremolinos de Málaga, o Coral Couriense de Cória, Cáceres, o Coral Polifónica Cantabile de Córdoba, e extra concurso o Coral organizador, Coral Santa Cecília. A viagem, ainda que longa, decorreu sem contratempos ou incidentes permitindo aos coralistas, acompanhantes, com a presença do Presidente da Junta de Freguesia de Tondela, desfrutar da típica paisagem alentejana e posteriormente da paisagem da Extremadura espanhola, com longas planícies de vinha e olival.

Nesta deslocação foi possível apreciar Elvas, Almendralejo, Villafranca de los Barros e a cidade património da humanidade de Mérida. No que concerne ao Certame, o Coro Polifónico actuou com qualidade, superiormente dirigido pelo seu maestro, interpretando as peças Luar do Sertão, Se fores ao Alentejo, Canção das Vindimas, Va Pensiero e a habanera Don Gil de Alcala. Apesar do brilhantismo da actuação, o grande vencedor do concurso foi o Coral Polifónica Cantabile, de Córdoba que arrebatou dois dos três prémios em disputa. Ainda assim, foi proveitosa a participação no referido evento, tendo sido o concelho de Tondela, a região e o país, superiormente dignificados no referido concurso, permitindo criar raízes para um futuro intercâmbio cultural com os coros ali presentes, particularmente o Coral Santa Cecília.

 
 

A Ida a Barcelona e a Monserrat


Quando o autocarro virou a última curva e surgiu em frente a Igreja da Sagrada Família reconhecemos o génio do arquitecto Antoni Gaudí. Ora, aí estava um homem que sonhou em grande. Considerada por muitos críticos como a sua obra-prima e expoente da arquitectura modernista catalã, visitámos a Fachada da Natividade, a da Paixão e a Fachada da Glória, ainda por completar. Tudo era soberbo porque nos sentíamos esmagados pelos zimbórios, criptas, colunas, grandiosidade dos espaços, aberturas de luz e vitrais. Foi possível ter uma panorâmica geral da cidade, sobretudo do ponto mais alto da mesma que é Montjuich. Já com a presença da pianista Filipa Cardoso, da violinista Elisabete Leal e da violoncelista Lydia Pinho, que se juntaram ao grupo após viagem de avião, foi possível trabalhar e preparar os vários concertos, um dos quais seria em Montserrat, onde após uma visita serena pelo mosteiro, se realizou a primeira actuação, tendo o coro aí cantado para um espaço repleto de público, as peças Stabat Mater de Zoltan Kodaly, Ave Verum Corpus de Amadeus Mozart e Signore delle Cime, de Giuseppe de Marzi. Ali, onde diariamente ao meio dia, a Escolania de Montserrat interpreta o célebre Virolai da autoria de Josep Rodoreda (1851-1922). Nesta abadia Beneditina construída na idade Média - ao redor da gruta onde tinha sido encontrada a imagem da Nossa Senhora de Monte Serreado, La Moreneta, padroeira da Catalunha - lembrámos o célebre Livro Vermelho de Montserrat proibido pelas autoridades eclesiásticas e a lenda que situava ali, o esconderijo do Santo Graal.
Finda a actuação fizemos o regresso à Residência Marti Codolar, onde e após o almoço o Coro realizou um novo ensaio para a actuação que viria a ocorrer à noite na Igreja de Santa Maria del Pi. Num espaço magnifico e com numeroso público e ainda com a presença do representante do Consulado de Portugal em Barcelona, o coro e as instrumentistas actuaram num concerto de hora e meia. Na primeira parte o Coro actuou só, a capella, tendo cantado temas do nosso cancioneiro popular sendo a segunda parte preenchida com a soberba execução das instrumentistas Elisabete Leal, Filipa Cardoso e Lydia Pinho, num concerto de piano, violino e violoncelo, em que interpretaram Canon de Jonhann Pachelbel; Lament, de Peter Moore, Arioso de G. Ph. Telemann, Aprés un rêve de G. Fauré e Materno de Eurico Carrapatoso. Na terceira parte, o Coro Polifónico e com o acompanhamento das referidas instrumentistas executou Avé Maria, de Frei Hermano da Câmara, Sanctissima melodia siciliana, Ave Verum Corpus, Laudate Dominum e Lacrimosa de Amadeus Mozart, e Aleluia de José Maurício. Foi um concerto exigente, pois a acústica do templo era tão perfeita que denunciava qualquer erro. Felizmente não os houve. O último dia ofereceu, ainda, a possibilidade de o coro assistir e aprender com a apresentação do Requiem em ré menor (K. 626), a missa célebre fúnebre de Mozart, no majestoso Palácio da Música de Barcelona. Inesquecível.
 

A Ida ao Norte de Itália a Alto Adige, Tirol do Sul


Diz o maestro Cristóvão Ramalho que “se sofre a cantar”. É verdade, quando para o fazer, se viajam trinta horas dentro de um autocarro passando por Salamanca, Bilbau, San Sebastião, entrando em França e percorrendo toda a zona Sul deste país, designadamente Nice, Cannes, Mónaco. O 14th Alta Pusteria International Choir Festival, iria acontecer num lugar de Itália mesmo junto à Áustria, onde se preferia falar alemão e onde o espírito de Deus pairava sobre os montes. Chegados ao destino, pelas 4 da manhã, com chuva e noite escura, o Coral ficou alojado no magnífico Hotel Zus Poste, em Chienes. A primeira actuação ocorreu em Dobbiaco, no Mahler Hall, e decorreu tão bem que na manhã seguinte o grupo, animado, subiu por teleférico, ao Top of Plan de Corones, a 2245m de atitude, tendo desse ponto contemplado a magnífica paisagem de todo o Val Pusteria. À tarde realizou-se visita ao lago de Anterselva, rodeado de montanhas, algumas com picos com cerca e 4000m de altitude. No dia 25 de Junho, o Coro teve a sua primeira actuação em Monguelfo, actuando no pátio do castelo aí existente, dirigindo-se à tarde para San Candido, onde veio a participar no desfile de todos os grupos corais participantes no festival.
Ao todo 89 grupos de todo o mundo, cerca de 3000 coralistas, que encontrando-se na praça central de San Candido, entoaram em conjunto duas peças em atmosfera de profunda emoção. Uma delas foi Signore delle Cime, de Giuseppe de Marzi, compositor local. Ainda nesse dia, pelas 21horas, o Coro actuou na Igreja de Chienes, onde apresentou um concerto de música sacra. Era domingo, e pouco antes do regresso, o Coro participou em Sesto, na festa da despedida, onde recebeu da organização o diploma de participação no festival, encontrando-se reunidos mais uma vez todos os grupos participantes. No regresso a Tondela, permaneciam na memória de todos as deslumbrantes paisagens do Val Pusteria, e dos Dolomitis, formações rochosas existentes nas montanhas que circundavam o vale e consideradas património da humanidade. Na memória, também, a cerveja Franziskaner.
 

A Viagem às Ilhas do Faial e do Pico nos Açoresl


O Coro Polifónico, o seu Ensemble D´Arc e Pizzicatos e o Chorda Ensemble Casa do Povo de Tondela, bem como os acompanhantes, num total de setenta e oito pessoas, deslocaram-se entre 27 de Março e 2 de Abril de 2015 às ilhas do Faial e Pico, para realizar diversos concertos, todos promovidos pelo Grupo Coral da Horta. Grupo Coral da Horta, que já antes, durante o mês de Dezembro de 2014, havia estado entre nós participando em concertos em Tábua, Águeda e Anadia. A partida ocorreu em direcção ao aeroporto de Lisboa, onde o grupo tomou o voo rumo ao Faial. Logo no aeroporto a recepção pelos coralistas do Grupo Coral da Horta foi fantástica, ficando depois todos comodamente alojados no Resort Hotel, sendo o jantar, servido no magnífico espaço da cozinha comunitária da Conceição. O dia seguinte começou com manhã livre, aproveitada pelos mais novos para disfrutar das comodidades do hotel, designadamente da magnífica piscina interior, e pelo restante grupo para iniciar a descoberta da ilha, com visitas a diversos locais. Após o almoço, foi tempo de preparar o espectáculo que viria a decorrer no Teatro Faialense, intitulado IV Horta Coral, repleto de público. O referido concerto contou já com a presença do Dr. José António de Jesus, presidente da Câmara Municipal de Tondela, que gentilmente acedeu ao convite para marcar presença no referido concerto. Aturaram no evento, o Grupo Coral da Horta, o Coro e Ensemble Johann Sebastian Bach da ilha de São Miguel, com enfoque na música medieval e encerrou o concerto, primeiramente o Ensemble D´Arc e Pizzicatos Casa do Povo de Tondela, que contou com a direcção de Elisabete Leal e Lydia Pinho e a colaboração de Elisabete Leal e o Chorda Ensemble Casa do Povo de Tondela. Encerrou, o Coro Polifónico da Casa do Povo de Tondela, superiormente dirigido pelo seu maestro Cristóvão Ramalho. Alguns dos temas foram acompanhados pelos músicos da Casa do Povo e também pelo maestro Mário Cruz, no órgão, No dia de domingo, todo o Grupo foi presenteado pela manhã, com uma visita pela ilha do Faial, tendo na mesma tomado parte o Sr. presidente da Câmara de Tondela, Dr. José António de Jesus. Foram visitadas as zonas de Espalamaca, Caldeira, Parque do Capelo, onde decorreu o almoço, tendo o dia terminado com a visita e concerto no Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos no âmbito do Projeto “De Vulcão para Vulcão”. Este concerto terminou com os três grupos corais cantando o tema "Ilhas de Bruma".
O grupo foi recebido, no dia seguinte, pelo Presidente da Câmara da Horta, José Leonardo Goulart da Silva, no salão nobre da Câmara Municipal, sessão que contou também com a presença do presidente da Câmara Municipal de Tondela. Registou-se o carinho, a amizade e o entusiasmo com que o Presidente da Horta recebeu todo o Grupo de Besteiros, valores enaltecidos e reforçados tabém pelo Presidente da Câmara Municipal de Tondela, que reforçou a possibilidade de poderem estreitar os laços entre os dois concelhos. Após a cerimónia, seguiu-se o almoço na Santa Casa da Misericórdia da Horta, onde o Grupo Coral da Casa do Povo de Tondela proporcionou aos seus utentes um concerto de temas populares, permitindo-lhes assim uma tarde diferente. Ao final do dia, pela Câmara Municipal da Horta foi oferecido a todos os participantes um requintado jantar no restaurante Barão Palace. No dia 31 de março, os elementos da comitiva das Terras de Besteiros puderam visitar a ilha do Pico, tendo visitado o Museu do Vinho e a paisagem protegida da Vinha do Pico, o Museu dos Baleeiros e o Museu da Indústria Baleeira. Inesquecível, o momento de humor na sala de espera do cais de embarque para o regresso à ilha do Faial. Na quarta feira, dia 1 de abril, todo o grupo pode usufruir de visitas guiadas à Casa dos Dabney, Aquário de Porto Pim e Fábrica da Baleia, ao Museu da Horta e à Casa Manuel de Arriaga. O dia terminou com confraternização durante o jantar de despedida na já habitual cozinha comunitária da Conceição. De salientar a dedicação das cozinheiras e a fartura de comida regional. O dia 2, foi o dia de regresso, atribulado, e dado os atrasos e imprevistos da companhia aérea SATA, o que permitiu que alguns dos coralistas pudessem ainda visitar alguns pontos da ilha de São Miguel, designadamente Ponta Delgada, o que inicialmente não estava nos planos, e que tal só aconteceu pelo voo entre ilhas que houve necessidade de realizar, com vista ao regresso ao continente.
 

A Viagem à Galiza


Na véspera da partida, o Coro Polifónico em conjunto com a Oficina da Música da Casa do Povo levou a cabo um grande Concerto de beneficência em favor da APCV-Associação de Paralisia Cerebral de Viseu, na Igreja de Santo António desta cidade. Uma igreja, onde poucos coralistas tinham entrado e que é uma reedificação dos séculos XVII e XVIII da igreja do antigo Convento de Bom Jesus, fundado em 1592 para as freiras de S. Bento. Não era a primeira vez que íamos à Galiza, já que a primeira internacionalização do Coro teve exactamente lugar aí, na Catedral da cidade, uns anos antes. A saída de Tondela foi logo na alva do dia seguinte, às 8:30h, com uma paragem em Valença para café. O almoço teve lugar em Vigo seguindo-se visita de autocarro pelos lugares mais bonitos da cidade. A meio da tarde, o grupo deslocou-se à ilha de La Toxa com chegada ao hotel, acomodação, jantar e ensaio para preparar as afinações necessárias no dia seguinte. Assim, depois do pequeno-almoço, saímos de Sanxenxo, iniciando a deslocação a Ourense com visita ao local de Combarro. A nossa chegada coincidiu com o almoço, para de seguida ter lugar a visita ao centro histórico de Ourense, onde realizaríamos mais um grande concerto. Houve concentração e bons níveis de afinação tão necessários à criação de beleza coral. Cansados, regressamos ao hotel e no dia seguinte, saímos de Sanxenxo rumo a Santiago Compostela.
Peregrinos de autocarro, começamos por ver as torres de uma das mais conhecidas catedrais europeias e do mundo. De entre os discípulos que acompanharam Cristo, o apóstolo Santiago pertence ao grupo dos mais íntimos e a tradição atribui-lhe a evangelização da Espanha. Partindo da Palestina ele terá chegado num barco de transporte de ouro e estanho, do comércio que se desenvolvia nessa época entre a Galiza e a Palestina. Contudo, sobre este episódio nunca foi encontrado nada escrito, pelo que muitos e reconhecidos historiadores medievais duvidam da sua veracidade. Lá estava o grande incensório, o lugar das 7 rotas históricas, as fachadas barrocas e o túmulo do santo que marca o fim da peregrinação. O coro juntou-se em silêncio e cantou, com a direcção do maestro, alguns temas sacros junto a um dos altares para curiosidade dos visitantes. Houve fé e cultura. Viam-se sentados alguns coralistas em contemplação e meditação tão necessárias à estabilidade humana. Cá fora seguíamos uma guia, tirávamos fotografias, olhávamos grupos de jovens escuteiros que cantavam e dançavam com alegria cristã. Trocávamos impressões sobre a validade das peregrinações religiosas. Poucos estariam à espera da mariscada galega a bordo do barco Latoja. Um momento inesquecível pela qualidade gastronómica, pela beleza do lugar e do barco – não é todos os dias que se almoça num barco assim, mas sobretudo pela confraternização. A alegria da música, das rodas, do sentir da cultura galega. Na memória ficou-nos ainda o som do búzio do Dr. Felisberto.